Todos os dias acordamos e nos deparamos com situações que se repetem. A isso é dado o nome de rotina. A rotina já faz parte da vida de uma sociedade organizada e civilizada, sendo necessária ao funcionamento dela. A rotina é dividida em duas partes: a boa rotina na qual estamos baseados e da qual nos usamos para realizar as nossas demandas e também existe a má rotina, esta sim perigosa e muito ruim ao correto desenvolvimento de uma sociedade. Essa má rotina a que me refiro aqui é o conjunto de acontecimentos pelos quais passamos e acabam prejudicando o andar natural das coisas.
Você já se perguntou por que tem tantos problemas para resolver e que na maior parte das vezes você pouco ou nada pode fazer para mudar este cenário? Eu respondo: porque esses problemas, em sua grande maioria, são causados por problemas estruturais, ou de infraestrutura. A infraestrutura básica de uma sociedade atual é ou deveria ser provida pelos poderes públicos instituídos. No nosso atual modelo de sociedade organizada não podemos abrir mão de serviços, como fornecimento de água potável, saneamento básico, energia elétrica, telefonia fixa e móvel, transporte urbano, segurança pública, educação e saúde entre muitos outros. Boa parte de nossos problemas são causados pela ausência ou deficiência nestes serviços que, por ordem natural, devem ser providos pelo Estado instituído. A falta de serviços básicos acarreta, em efeito cascata, outros problemas que, com o passar do tempo, vão se avolumando e lentamente se transformando em situações praticamente insolúveis.
Todos os dias vemos em noticiários e presenciamos problemas em escolas, hospitais, estradas. Tudo isso nos afeta diariamente e já se tornou hábito reclamarmos sobre tudo e todos. A falta de infraestrutura afeta diariamente a nossa cidade, bem como o país e o mundo. Escolas caindo aos pedaços, hospitais e postos de saúde mal equipados e sem condições, estradas esburacadas e sem manutenção, falta de água e energia elétrica, saneamento básico inexistente. Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada), apenas 48% do esgoto é coletado no Brasil, e desse total, apenas 32% desse volume é tratado. Outro gravíssimo problema levantado é a gradual redução de fornecimento de água potável à população. A água adequada ao consumo humano é cada vez mais escassa e, por consequência, mais cara e de difícil acesso. As nossas estradas já não suportam o imenso volume de veículos que por elas rodam. Os hospitais, quando existem, estão superlotados e com poucos profissionais à disposição. As escolas estão cada dia em situação mais precária, seja pela falta de infraestrutura básica de ensino, seja pela formação dos profissionais que nela atuam ou outra coisa qualquer.
Não há cidade ou país que resista a tanta falta de cuidado com a infraestrutura. A infraestrutura pode ser a mãe de todos os males ou de todas as virtudes na administração pública. Basta saber como e quando introduzi-la e adequá-la às necessidades de cada região. Não adianta querer que uma cidade turística seja bem frequentada por turistas e visitantes se a infraestrutura implantada não consegue suprir as necessidades dos moradores fixos do local. Como atrair investimentos privados se o poder público não contempla instalação de água, esgotos, energia e segurança ao local? A base de tudo é uma gestão bem feita em investimentos públicos infraestruturais, e isso se faz com vontade política e muito trabalho sério. Isso está faltando em nossa cidade, estado e país. Executar projetos decorativos e aparentemente bonitos não são determinantes para que uma cidade cresça e se desenvolva. É preciso apenas pensar no básico, que todo o resto virá atrelado a ele. Todo cidadão ou investidor terá orgulho, prazer e vontade de estar numa cidade bem atendida nestes quesitos básicos. Água, energia, segurança, saúde, educação: estes são os atrativos que uma administração pública tem que oferecer. O resto nós mesmos fazemos, com muito orgulho.
Não vou citar aqui os inúmeros problemas que o Brasil tem com relação à coleta e tratamento de lixo, educação básica mal gerida e executada, segurança pública simplesmente relegada a um segundo plano, saúde pública em total colapso. Outros ainda tão graves: estradas, portos, aeroportos que já não mais suportam o volume de tráfego, pois todos eles foram construídos há décadas atrás e de lá para cá nada se fez para ampliar a oferta de serviços de qualidade, além de uma maquiagem superficial para esconder os problemas recorrentes. Não adianta esconder a grave deficiência nos serviços básicos oferecidos pelos nossos governantes com pequenas obras de falsa aparência. Precisamos urgentemente de trabalho e investimento sério em todos os setores da nossa infraestrutura. Isso é obrigação do Estado, apesar de ser dado tanto valor a investimentos privados em indústrias e outras atividades. Responsabilidade não se delega a qualquer um, responsabilidade se assume e se executa sem mais demora porque a nossa cidade e país não podem mais esperar!
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