Enchente e Educação - Problemas ou Solução ?

 Barra Velha, a nossa querida cidade, localizada no litoral norte catarinense não é melhor nem pior do que qualquer outra cidade do Brasil. Tem problemas, tem atrativos, gente boa, gente não tão boa, enfim é uma cidade normal. Na semana passada passou por uma situação bastante grave, quando foi assolada por fortes chuvas durante mais de 10 horas ininterruptamente. O fato provocou sérios alagamentos por toda a cidade gerando perdas e muito transtorno. Perdas materiais e até de vidas, mas vidas dos nossos queridos animais de estimação, pois de vidas humanas nada nos foi levado. Centenas de casas alagadas, milhares de pessoas atingidas e junto com isso se vê dois lados de uma estranha moeda chamada ser humano.  O lado bom dessa moeda onde fala mais alto a solidariedade, a ajuda, o companheirismo e o voluntariado pelo simples motivo de ser solidário. O lado não tão bom onde a cobiça, a ignorância a má esperteza, a vontade de sempre levar vantagem e as piores: a apatia e descompromisso com a necessidade alheia.

Enquanto grupos se mobilizam e correm a socorrer que não pode se ajudar, outros a tudo assistem e não conseguem doar-se, nem que seja no seu tempo para ajudar a quem realmente é necessitado. Vi casos de pessoas que não tiveram perdas passarem os dias a ler jornais e ver TV, sem notarem que seus vizinhos estavam a gritar por socorro. Vi casos onde por medo de se molhar ou sujar o sapato seres humanos deixavam seus semelhantes sofrerem sem tomar nenhuma atitude. Por outro lado vi gente se mobilizando e saindo do conforto dos seus lares para numa atitude de solidariedade socorrer o seu semelhante, mesmo desconhecido, pelo simples fato de ver a necessidade alheia. Por que o ser humano, em sua grande maioria, pensa apenas no seu bem estar não conseguindo doar-se um pouco para amenizar o sofrimento alheio? O que motiva o ser humano de forma intempestiva e legítima a praticar atos de solidariedade e heroísmo com seus semelhantes mesmo que muitas vezes nem o conheça?

Quem perde parte de sua vida ou mesmo tudo numa enchente ou outro desastre muitas vezes só precisa de compreensão e atenção. Fico muito feliz em ver que na nossa cidade existem pessoas comprometidas com o bem comum e pensando na real valorização de praticar o bem. Entristece-me ver, também, que muitos não dão valor a vida humana, nem ao bem estar do próximo, pensando apenas nas suas demandas e nos seus compromissos materiais. Muitas vezes fico pensando que uma tragédia ou desgraça é bem vinda para que possamos entender e conhecer quem nos rodeia e quem realmente pensa e age de forma positiva e correta. Basta enfrentar uma adversidade e logo se vê o caráter do ser humano. Como não se comover e ajudar quem perde uma casa e tudo que nela existia? Como não se comover diante do singelo oferecimento de um copo de café frio por parte de um flagelado, para este que aqui escreve, quando da chegada com mantimentos e colchões novos como donativos?!

Mais um grave problema atinge nossa querida Barra Velha e nosso Brasil! Novamente não é problema exclusivamente nosso, mas como uma tragédia climática, atinge a todos nós! A educação pede socorro, e não é apenas agora, mas há muitos anos a fio. Entra ano, sai ano, escolas sucateadas, professores mal preparados e mal pagos, falta de material escolar, uniforme, equipamentos adequados para o ensino, e por aí vai, a interminável lista. A surpresa vem também com poucos funcionários, alunos, pais e mestres que como no caso acima, mobilizam-se para tentar melhorar o nível do ensino na nossa cidade e país. Da mesma forma, neste caso, também há gente motivada e ativamente trabalhando em prol de uma educação melhor para todos. Do mesmo modo, como na enchente, aqui também vemos inúmeros casos de pais, alunos e até professores que pouco caso fazem de uma educação de qualidade e respeito.

Criticar é fácil, duro é participar e buscar soluções para os problemas apresentados. A Escola Estadual David Pedro Espíndola, em Barra Velha, é um sinal do descaso de toda uma sociedade com a educação. Este descaso vem se avolumando há anos e assim acaba por produzir cada vez mais prejuízos e perdas. Perdas de credibilidade na instituição da escola, perda de profissionais e perda do maior bem que um país pode ter, que é o seu povo. A ausência de responsabilidade do Estado para com a educação se nota há muitos anos. Os prejuízos financeiros para recuperação e reforma, culminando com uma reconstrução total de um estabelecimento é muito grande, o que leva as emergenciais atitudes serem postergadas ou até esquecidas definitivamente. A educação bem como muitas outras áreas sociais brasileiras pede socorro há anos, mas um governo, um país que não cuida e não valoriza seu material humano, com certeza terá um futuro incerto e sobrio. Reformas que são apenas maquiagem para esconder os graves problemas estruturais, sejam de uma construção ou de educação escolar, são piores do que o esquecimento. Servem apenas para se enganar uma sociedade tão carente de bons valores e respeito próprio.

Vejo os problemas como soluções! Sim, um grande problema fatalmente leva a uma solução. O segredo do sucesso é fazer uma boa solução, que atenda a todos sem distinção e onde quem quiser levar vantagens pessoais e particulares não tem vez! Precisamos  ajudar a nossa escola, nossa cidade e em retorno ajudaremos a nós mesmos. É uma troca. A educação, a saúde, a cidade, silenciosamente pedem socorro. Quanto mais pessoas pensarem em participar numa ação coletiva maior a chance de sucesso e satisfação! Ajude a Escola David, ou outra escola, ajude a cidade de Barra Velha ou outra cidade. Essa ajuda não é apenas dar ou fazer algo gratuitamente,  mas mais importante é participar cobrando atitudes e participando de uma correta gestão. As responsabilidades sociais são claras e definidas num país civilizado e regidas pelas inúmeras leis já existentes. SEJA CIDADÃO, o maior beneficiado por tudo isso será você mesmo!
                                                     

O Tomate e Outras Histórias

                                          

Finalmente chegou a vez do tomate! Coitado, como muitas outras frutas e legumes, ficou esquecido e abandonado, mas agora foi lembrado! Há poucos dias uma intensa movimentação nas redes sociais e imprensa comentando os aumentos realmente abusivos e até certo ponto inexplicáveis que ocorreram com a tal fruta (sim, o tomate é uma fruta).
O problema não é o tomate, a banana, a carne, o leite, a gasolina, a roupa, o sapato, o carro, etc, entre tantos produtos que diariamente compramos. O problema somos nós mesmos, que causamos essas disparidades e aberrações, que por fim, em poucos dias, acabam em folclore e piada. Piada de péssimo gosto, porque somos nós os alvos finais delas quando pagamos preços ilusórios e sem propósito de algo que não precisamos e podemos substituir por um semelhante.

O ser humano comporta-se como uma manada e quando uma sinalização de mudança de direção é dada por seja que for (imprensa, governo, um vizinho, amigo), ele é influenciado e deixa de raciocinar como deveria, entregando-se a atitudes e pensamentos loucos e destrutivos, até. Veja o caso do tomate: ele custava, até há poucos dias, entre R$ 1,00 e R$ 2,00. Agora chega ao absurdo de estar custando até R$ 9,00. E tem gente que compra!! Será que isto não é destrutivo!! A comparação seria a de um dia para outro a nossa já cara gasolina passar a custar a quase R$ 15,00!!  E pior, as pessoas continuarem a consumir como se suas vidas dependessem disso!!

Os preços são manipulados por grandes conglomerados, empresas, governos, interesses e até por uma simples fofoca ou notícia infundada. Os formadores falsos de opinião que, na sua busca por riqueza e poder, não medem esforços para que o gado (povo) não veja as manipulações e aceite de forma normal o subjugamento e degradação da sociedade como um todo. A enorme maioria dos preços praticados e que pagamos nas compras que fazemos diariamente são preços atribuídos, e não reais. São preços que por algum interesse comercial escuso ou até criminoso são informados ao consumidor, e este, na sua ignorância, aceita e até pode reclamar, mas não deixa de adquiri-lo!  Ou você amigo leitor e seguidor do meu blog acha normal pagar o valor de R$ 1,50 por uma garrafinha de 500 ml de água mineral? Mas você, assim mesmo achando caro, paga, não é mesmo? Pois é, você mesmo é culpado por esse desregramento dos preços. Não adianta reclamar se assim mesmo compra. NÃO COMPRE! Substitua, pesquise, pechinche, proteste, ache alternativas, enfim não aceite bovinamente tudo que lhe é empurrado garganta
abaixo!!

O engraçado ou triste de toda esta história que estou contando é que nunca, mas nunca mesmo, nada do que se compra tem seus preços abaixados da mesma forma com que sobem. Podem até de vez em quando ter uma leve diminuição, tendo como desculpa a sazonalidade ou entre safra, mas logo a seguir sobem novamente e estabilizam-se lá no alto. É só recordar dos preços do frango, combustíveis, feijão, passagens de ônibus, energia elétrica, etc, etc. A leve baixa em preços e serviços sempre é colocada de tempos em tempos para dar uma "animada" no mercado consumidor, dando um falso alento a desesperada população que quase não consegue mais honrar seus compromissos. Veja o exemplo do preço da carne de frango: há poucos anos, custava centavos, menos de R$ 1,00; agora em supermercados e similares pode chegar a R$ 5,00 o quilo!!  Aumento do custo de vida??  Que bobagem, isso não aumenta se não houvesse especulação e exploração do ser humano pelos seus semelhantes e aceitação do errado de forma banal!

A falta de respeito, aliada à passividade e porque não falar a burrice - me desculpem a quem ofendi-  das pessoas que por vontade própria se submetem a esses desmandos produz uma sociedade amarrada e refém das sua própria incapacidade de superar e vencer esses ataques. Sim, isso é uma verdadeira guerra, onde no fim não há vencedores, pois em algum momento todos são atingidos e superados por um sistema que nos devora e destrói. Esse sistema, ao qual me refiro, não são governos ou leis, esse sistema é a nossa total incapacidade de pensar e tomar as decisões certas, mesmo quando elas estão na nossa frente. Essa atitude sistemática de apenas ficarmos contemporizando e reclamando nunca produziu bons resultados, visto que estamos cada vez mais dependentes e subjugados por coisas que não gostamos. A nossa passividade ocorre pela simples omissão e preguiça, pois o ser humano não admite abrir mão dos seus luxos e confortos por um bem comum e maior que seria benefício a todos indistintamente.

Posso ficar horas aqui escrevendo sobre isso, mas o que me aflige realmente é a degradação do ser humano em atitudes que privilegiem o fato de que é mais importante possuir muito para ser feliz. Bens materiais, dinheiro, status social (isso existe de verdade ?) são mais importantes hoje em dia do que honestidade, compaixão e respeito!! Enquanto não mudarmos nossos pensamentos e darmos valor aos nossos vizinhos, conhecidos, semelhantes e priorizarmos o fato de que ser é mais importante do que ter, nada muda!! Respeito, dignidade, honestidade não são coisas que se compram no mercadinho da esquina, mas com certeza isso em grande quantidade vão fazer a sua, a minha, a nossa vida melhor, mesmo não precisando comprar tomates ou pepinos ou laranjas. Deixe isso de lado e faça o certo, priorize a vida e boicote as coisas que você sabe que são caras, desnecessárias e, muitas vezes, supérfluas e, com certeza, podem ser substituídas por algo melhor. Bem estar não se mede em dinheiro, mas sim em paz de espírito. Isto sim é qualidade de vida!!!

" AS COISAS MAIS IMPORTANTES DA NOSSA VIDA NÃO SÃO COISAS"

(Provérbio Hindu)